26.10.08

Ontem a noite, eu estive na boate Kalabouço para o concurso Garoto Kalabouço 2008. Participei como um dos jurados e fiquei bastante satisfeito com o resultado! O menino Michel, foi eleto no fim da noite! As fotos da festa, você confere no site smokesoup

25.10.08

Garoto Calabouço 2008

Neste Sábado dia 25 de outubro acontece a escolha do Garoto Kalabouço 2008. O concurso de beleza não acontecia desde o ano de 2000 e já foi considerado um dos melhores concursos de beleza masculina da zona sul. Os três primeiros colocados ganharam premiação em dinheiro bem como diversos brindes dos patrocinadores.A festa começa a partir das 24hs, Line Up VJ André ( Dance, Tecno, Drag Music, funk, forró e muita musica Eletrônica e os melhores vídeos). Na sexta-feira a partir das 24hs acontece a “festa Básica”, com discotecagem do Vj residente Adilsom detonando o melhor da musica eletrônica, DJ Cleuton com o melhor do repertório variado e deboche. Cartão VIP válido para as duas festas até a 00:30hs. No sábado ingressos a 8 reais, na sexta 6 reais. Única com estacionamento privativo e Dark Room. Maiores informações pelos telefones 84123293 ou 81260948.

13.10.08

Homofobia e invisibilidade


Lawrence Estivalet

Ainda que biotecnólogos respeitados mundialmente tragam a homossexualidade como determinada geneticamente, o fato incontestável concerne à existência de homossexuais também em animais não-humanos e, estima-se, um mínimo de 10 milhões apenas no Brasil. Assim, a expressão "opção sexual" traz a carga de um conceito de normalidade que ignora que a escolha é muito pior: viver uma mentira ou viver à margem?

Ainda essa semana, tive a infeliz surpresa de um amigo ter apanhado até sangrar nas ruas de Pelotas. O motivo: ele é gay (e não esconde isso). A quantidade de violências simbólicas que gays sofrem, entretanto, é ainda maior do que de físicas: na hermenêutica conservadora, por exemplo, LGBTs não apenas não se casam, como também não se separam e não constituem família. O Direito, então, ignora uma sociedade que, no mais das vezes, esconde-se de si própria, resultando em não menos do que, de um lado, milhões de pessoas que assistem a programas de piada vendo a si como anormais e, de outro, um sem número de não-críticos que reproduzem a piada como algo descontraído e, portanto, válido, sem atentar para o fato de que a piada não é uma mera brincadeira, pois, sublinhe-se, em pesquisa realizada com cinco mil professores de ensino fundamental e médio, revelou-se que 59,7% deles consideram inadmissível que uma pessoa possa vir a ter experiências homossexuais; 21% deles, ademais, disseram que não gostariam de ter um gay ou uma lésbica como vizinhos.

A delicadeza do assunto em questão, portanto, é forte: fala-se de vida. Piada após piada, desprezo após desprezo e dia após dia, a rotina, o senso de humor, a perspectiva, o afeto e a vontade de viver de muitas pessoas é mutilada por uma acriticidade inaceitável em um Estado que se diz laico e, enquanto discute a criminalização da homofobia, esquece que ainda não explicou à sua sociedade por que nascer gay, assim como nascer homem ou mulher, é meramente biológico. Isso porque ser homossexual não pode significar nascer para uma não-vida; a dignidade da pessoa humana é assegurada a todos, o que inclui um mínimo direito à esquecida igualdade, que não se resume a migalhas: a pessoa que nasce gay, assim como a pessoa que nasce heterossexual, tem que, desde sempre, não ter vergonha de si mesma, tem que poder apresentar o namorado ao pai sem medo de que ele lhe expulse de casa, tem que poder responder às piadas de que é motivo sem ser motivo de ainda mais piadas e tem que andar na rua sem medo de apanhar por apenas ser o que é.

Para tanto, precisa-se encarar o problema de frente: a própria Organização Mundial da Saúde, desde 1990, e a Associação Americana de Psiquiatria, desde 1973, dizem que ser gay não constitui nem doença, nem distúrbio, nem perversão. O gay, por conseguinte, não é um alienígena à sociedade. Não é um monstro. Não é um pervertido. Não é um doente. É alguém, a bem da verdade, que, vencendo as barreiras do preconceito, conseguiu aceitar-se, contra toda a maré do senso comum, e que deve ser admirado, sobretudo pela sua coragem de se dispor à marginalização e à violência de ser, para muitos, bem menos do que um indigno; para si próprio, alguém que tenta viver.

O debate da homofobia, então, é mais do que necessário, embora criminalizar a todos que a praticam seja o mesmo que esvaziar a sociedade. O foco sério pressupõe visibilidade, de maneira responsável e igualitária; como, já há muito, reclamam os Direitos Humanos.


Artigo publicado dia 30 de Setembro pelo jornal Diário Popular. Lawrence é Coordenador Geral do Centro Acadêmico Ferreira Vianna (CAFV), entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas

12.10.08

fsm 2009

De 27 de janeiro a 1° de fevereiro de 2009, a cidade de Belém abrigará o Fórum Social Mundial. Durante esses seis dias, a cidade assume o posto de centro da cidadania planetária e referência mundial no questionamento à desigualdade, à injustiça, à intolerância, à devastação ambiental e ao preconceito. As inscrições para o Fórum Social Mundial 2009 estão abertas. De 7 de Outubro a 7 de Novembro estão abertas as inscrições para atividades e organizações. Em breve também será possível o registro de indivíduos, atividades culturais e imprensa. As inscrições podem ser feitas através do site www.fsm2009amazonia.org.br.

paz e homossexualidade

estranho falar de paz! o movimento guei é cercado de lutas e enfrentamentos, de buscas, afirmações, imposições, conflitos, mágoas, superações, enfim, sinônimos de uma verdadeira guerra! ao pensar sobre esse tema, surge-me a imagem da origem do movimento guei moderno, precisamente em 28 de junho de 1969, há apenas uma semana depois da chegada do homem a lua; uma rebelião nas ruas de nova iorque contra a constante repressão policial sobre o bar stonewall e seus freqüentadores, lésbicas, gueis, travestis, estudantes, latinos e populares. surge-me a imagem de madame satã, personagem da noite na lapa do rio de janeiro na década de 1920; preso, humilhado, transvestido, transviado, delinqüente. penso em alfredinho de pelotas, bixa e louco da bicicleta colorida, que percorria as madrugadas geladas de nossa cidade, tocando suas buzinas; assassinado a punhaladas na praça coronel pedro osório, na década de 1970, sem nunca se esclarecer o crime. entre tantos outros e outras vítimas do preconceito, da homofobia, do descaso das autoridades ou da sociedade. penso nas centenas de homossexuais vítimas do ódio que tombaram frente a uma bala, a uma surra, a tortura e a humilhação...
enfim, falar de paz e homossexualidade é difícil. difícil, mas necessário! somos uma minoria social, um grupo de pessoas que detém entre si a constrangedora característica de afeto por pessoas do mesmo sexo. constrangedora, por que é um afeto que incomoda, que intriga, que gera repúdio e violência. é o amor que gera ódio, a carícia que ofende, o beijo que enoja. ainda assim, não somos todos um. somos muitos, e em muitas condições, situações, posições sociais. não podemos ser ingênuos ao ponto de achar que os gueis são um grupo coeso e unido, tão pouco os heterossexuais o são. 
entre nós existem muitas formas, que chamamos de expressões sexuais, infinitas práticas da hetero à homossexualidade. também não pensamos a mesma coisa, não vivemos todos a glamourização da mídia, a banalidade do senso comum, ou tão pouco a perversão moral dos costumes. mas em uma coisa somos um, somos um corpo castigado e faminto.
o brasil teve em 2007 um saldo oficial de 122 assassinatos por homofobia, um crime a cada três dias. sem contar, evidentemente, aos maus tratos e subjugações adversas de outros tipos de violência, que certamente chegam a casa dos milhares. nesse cenário, a paz parece um sonho distante, uma utopia quixotiana! quais são as soluções?
um das mais freqüentes soluções buscadas é o silêncio, um segredo velado da sexualidade enrustida. uma vida erguida de aparências, de prazeres escondidos e sentimentos sufocados. osilêncio que não fala para a família, que esconde o timbre da voz ou os trejeitos denunciadores! é uma negação do ser, do que está constituído, em busca de uma construção ideal, de um modelo social vigente que traga a paz, ainda que aparente, às pessoas. lembro-me da letra do rappa: Pois paz sem voz, não é paz, é medo! 
outra saída é o isolamento, que afasta dos outros, que encerra a pessoa na privação de sua casa, em guetos escolhidos com cuidado, nos lugares onde se pode e onde não se pode ser quem se é, os lugares heteros, os lugares gueis. quem nunca escutou a sentença ética: aqui não é lugar, nem hora para isso!?
o consolo espiritual é outra forma de busca de paz. tentando encontrar sentindo, direção, respostas para as perguntas que circulam a existência, tentativas de amaciar a dor de existir. muitas vezes negado veementemente pelas mais diversas religiões, poucas vezes acolhido sem trauma, com plena aceitação, sem respostas cármicas, pecados mortais ou sentenças reencarnáticas.
por fim, a busca da paz, desse corpo, como já dito: ferido e faminto, pode levar a destruição, a autodestruição, ao confronto moral, a decadência social, a morte e a violência.
qual é a paz que desejamos?!
queremos o direito a indiferença! nada tão complexo ou distante da vida que todos planejam para sim. queremos roda de chimarrão com amigos, cinema com pipoca, passeio de mãos dadas e jantares com afagos. queremos pode expressar, dizer, mostrar, ver, sentir, beijar, tocar, abraçar e viver nossa afetividade, sem que para isso seja necessário o aparato legal do estado e sem a prontidão de ser repreendido. 
queremos o direito a liberdade! queremos o amparo legal do estado: casar, divorciar, adotar, herdar e deixar em herança, queremos pagar as nossas contas juntos, planejar um empréstimo, calcular o imposto em família. queremos um estado laico, o fim dos “simpatizantes”! queremos ser uma família, ou sermos algo melhor! queremos ter o direito a utilizarmos nosso corpo como o desejarmos! queremos denunciar a hipocrisia, o preconceito, a injustiça e o descaso... tudo o que queremos envolve ainda muitas lutas! mas entendemos que nenhuma dessas conquistas é verdadeira, diante de uma sociedade desigual. diante de um feroz sistema de produção que aliena e distancia o homem de sua essência. entendemos que somos mártires de um mundo que também participamos como carrascos. entendemos que somos nós também agentes de hipocrisia e de preconceito, de exclusão e de violência. não queremos que nos tomem o quinhão de nossa culpa, de nossa falha na condução de uma sociedade mais pacífica, tão pouco de jogar para outros as responsabilidades de ser humano. entendemos por fim, que a humanidade é diversa, múltipla, calendoscópica! estamos castigados e famintos! queremos paz! 
discurso do grupo também no fórum da paz em pelotas.

introdução

o também pelotas é um grupo pela livre expressão sexual surgido em 2002. nosso objetivo é atuar junto a sociedade como um movimento social, defendendo a diversidade sexual e promulgando ações de direitos humanos, em busca de um horizonte amplo e democrático para todas as expressões sexuais, seja elas lésbicas, gueis, bissexuais, trangêneros ou transexuais! o grupo está aberto a participação de qualquer cidadão ou entidade interessada na pluralidade e no desenvolvimento de novas políticas públicas de combate a homofobia e ao preconceito.
esse blog surgiu da necessidade de divulgar nosso trabalho e compartilhar nossas experiências. bem vind@!